Em pacientes com artrite ideopática juvenil (AIJ) é comum o prejuízo do condicionamento físico, da força muscular e do bem-estar em comparaçao com indivíduos pareados saudáveis. O tratamento com as novas drogas biológicas tem possibilitado um impacto positivo nos sintomas, levando a uma melhora na capacidade de realizar exercícios. O objetivo do estudo realizado por Sandstedt et al. foi avaliar os efeitos de um programa de exercícios com saltos na força muscular, condicionamento físico e bem-estar de pacientes com AIJ. Foram selecionados 54 crianças e adolescentes com AIJ entre 9 e 21 anos de idade para um programa de 12 semanas. Os participantes foram randomizados em um grupo que realizava exercícios (n=33) e outro, que era o grupo controle (n=21). A força muscular foi avaliada por um dinamômetro manual em oito grupos musculares (ombros, cotovelos, quadris, joelhos e tornozelos) e com dinamômetro para força de preensão. A amplitude de movimento foi avaliada por um goniômetro plástico e o equilíbrio, pelo balance reach test para crianças. O condicionamento foi avaliado pelo Step-test, durante o qual foram documentados a frequência cardíaca e a escala de Borg. A qualidade de vida foi mensurada pelos questionários Child Assessment Questionnaire (CHAQ) e pelo Child Health Questionnaire (CHQ). Os instrumentos foram aplicados antes do programa, três e seis meses após, po rum fisioterapeuta, cego para a alocação dos participantes. O programa era domiciliar, três vezes por semana e consistia de pular corda, exercícios de fortalecimento axial e exercícios com peso livre para momentos superiores. Na avaliação inicial, os grupos eram homogêneos e foi observada fraqueza musculardos extensores e abdutores de quadril e joelhos após 12 semanas e foi mantida nos extensores de joelho na avaliação de seis meses. Não houve mudanças no condicionamento físico e nas escalas de qualidade de vida. O programa foi bem tolerado e não piorou a dor durante o acompanhamento. Os autores concluíram que o programa de três meses determinou melhora da força muscular em membros inferiores e foi bem tolerado por membros com AIJ. Como limitações do estudo, citamos o fato de ter sido domiciliar sem supervisão e com pequeno tempo de acompanhamento. Também, os instrumentos de avaliação para força muscular e condicionamento físico poderiam ter sido mais adequados.
A atividade física durante a fase de crescimento é associada a elevado pico de massa óssea, e aproximadamente metade da variação da massa óssea aos 70 anos é predita por esse pico de massa óssea. Contudo, o orisco de fraturas pode ser aumentado em crianças com altos níveis de atividade física. Então, os autores resolveram realizar um estudo controlado e prospectivo com objetivos de avaliar se os benefícios de um programa de exercícios físicos moderadamente intensos no granha de massa óssea são obtidos e mantidos a longo prazo, sem aumentar o risco de fraturas. Foram selecionadas crianças entre seis e nove anos de idade na cidade de Malmo, na Suécia, sendo 446 meninos e 362 meninas para o grupo intervenção (GI) e 807 meninos e 780 meninas para o grupo controle. O GI realizava 60 minutos/dia de educação física na escola, num total de 200 minutos/semana. o GC realizava 60 minutos/semana de atividades físicas habituais. As aulas de educação física incluíam jogo de bola, saltos, corridas e escaladas. A densidade mineral óssea (DMO,g/cm²) e a área óssea (mm²) foram avaliadas anualmente por Dexa em 73 meninos e 48 meninas do GI e 52 meninos e 48 meninas do GC. Após cinco anos, foi realizada tomografia computadorizada periférica de tíbia e rádio para avaliar a DMO volumétrica e a estrutura óssea trabecular e cortical. Após os cinco anos de acompanhamento, houve 20 fraturas/1.000 indivíduos-ano no GI e 18,5 fraturas/1.000 indivíduos-ano no GC, resultando numa razão de 1,08. O ganho de DMO na coluna foi maior tanto em meninos como em meninas do GI. As meninas do GI apresentaram maior ganho na área de colo femoral e, no acompanhamento, apresentaram maior conteúdo mineral ósseo tibial, maior área cortical tibia e maior área de seção transversal do rádio. Os autores concluíram que um programa de exercícios físicos moderadamente intensos melhora a massa óssea e, em meninas melhora o tamanho ósseo, sem afetar o risco de fraturas. Por isso, a realização de exercícios deve ser estimulada durante a fase de crescimento.
Este é um estudo de revisão que visa a explorar como os esteroides passaram a ser um complemento em praticamente todos os esquemas de tratamento para a nefrite lúpica, apesar de serem a principal causa de danos a longo prazo em pacientes com lúpus e apesar da existência de agentes alternativos cada vez mais eficazes. Desde o início dos transplantes, objetiva-se criar regimes poupadores de esteroides. Atualmente, estes já estão sendo utilizados, inclusive regimes de indução apenas com biológicos. Na nefrite lúpica, esta realidade ainda não está presente, apesar da pouca evidência para apoiar o uso de esteróide e certamente nada que afirme de forma concreta a dosagem e tempo de uso destes. O rirituximabe representa uma grande promessa como agente de tratamento da nefrite lúpica, apesar dos resultados negativos do trial Lunar A autora fez uma breve descrição dos achados de dados próprios, demonstrando que o uso precoce de rituxumabe na nefrite lúpica permite omissão de esteróides por via oral, com excelentes taxas de remissão (total e parcial). Além disso, a autora introduz o julgamento do rituxilup, um estudo multicêntrico randomizado controlado que ela está realizando para avaliar formalmente o regime, evitando o uso de esteroide contra o regime padrão de micofenolato de mofetil e esteroides, com o objetivo principal de demonstrar que o esquema de tratamento da nefrite com indução com biológico não é inferior ao tradicionale que apresenta um melhor perfil de segurança devido ao menor uso de esteroide. O rituxilup será um ensaio da fase III, aberto, randomizado, multicêntrico, controlado, cujo regime será de 500 mg de metilprednisolona + rituximabe 1 g nos dias 1 e 15 e MMF até 1 g, sem esteroides orais, que será comparado com MMF + esteroides orais (metilprednisolona 500 mg 2 vezes + MMF até 1,5 g + prednisolona oral partindo de 0,5 mg/kg e titulando de acordo com o protocolo ALMS). O endpoint primário é o CR (completa remissão renal, relação proteína/creatina menor igual 50 mg proteína/mmol creatinina e creatinina sérica normal ou que não haja perda de mais de 15% em relação ao baseline, sem necessidade de prescrição de esteroide oral durante o ano (com exceção uso por, no máximo, duas semanas ou um injetável). Também serão avaliados dados de segurança, principalmente referentes a infecções severas que requerem hospotalizações e eventos adverso secundário ao uso de esteróides. Sugere ainda que temos de seguir o exemplo de nossos colegas do transplante e desafiar o pressuposto de que o futuro para a nefrite lúpica pode ser livre de esteroide.
Pacientes com AR morrem de doenças cariovasculares, e, apesar de o processo inflamatório ser atualmente mais bem controlado, o risco cardiovascular (RCV) destes doentes ainda permanece o dobro do de pessoas sem AR. Tal RVC pode ser predito pela presença de placas na artéria carótida, sendo este fato relacionado a um risco 2-4 vezes maior de síndromes coronarianas agudas e/ou acidentes vasculares cerebrais. Já foi descrito na literatura que estas placas parecem ser mais prevalentes em pacientes com AR. Estipula-se que o estado pró-inflamatório em paciente com AR provoque o aumento do número e da vulnerabilidade das placas carotídeas de pacientes com AR em relação à população controle e entre pacientes com AR em diferentes níveis de atividade da doença. Para tanto, realizaram ultrassonografia de carótidas em 152 pacientes com AR e 89 controles. Foi realizada análise da área e morfologia da placa (pela técnica GSM - Gray-Scale Median). Por esta técnica, define-se que valores mais baixos de GSM indicam maior vulnerabilidade das placas.As característiccas da placa cartídea foram comparadas com pacientes com artrite reumatoide com doença ativa e em remissão, e entre pacientes e controles. Todas as análises foram realizadas com o ajuste para fatores de confusão (sexo, idade, tabagismo e pressão arterial). Obtiveram como resultados que pacientes com AR apresentam placas carotídeas com mais frequência que os controles; pacientes com doença ativa (medida pelo CDAI) apresemtam menos GSM mediana e uma maior área das placas em compração com pacientes com AR em remissão. Basenado-se nesses principais achados, concluíram que pacientes com AR tiveram mais placas carotídeas em relação a controles e que pacientes em remissão e controles tiveram placas mais estáveis do que pacientes com doença ativa, dados que apontam para a importância de alcançar a remissão com pacientes com AR.
A presença de anticorpos contra peptídeos citrulinados cíclicos (ACPAs) demonstrou preceder o início dos sintomas de artrite reumatóide (AR) por vários anos. Este estudo objetivou analisar anticorpos contra dez diferentes peptídeos citrulinados durante um período de tempo anterior ao início dos sintomas da doença articular. Foi realizado estudo de caso controle dentro do Medical Biobank of Northern Sweden, incluindo 409 indivíduos; destes, 386 haviam enviado amostras de sangue antes do início dos sintomas da AR (pré-pacientes), comparados a 1.305 indivíduos controle de base populacional. A média de tempo antes do diagnóstico de AR foi de 7,4 anos. Anticorpor para dez diferentes peptídeos citrulinados - fibrinogen a573 (Fiba573), Fiba591, FibB36-52, FibB72, FibB74, a-enolase (citrillinated a-enolase peptide 1 [CEP-1]), triple-helical type II collagen peptide C1 (citC1III), filaggrin. vimetin 2-17 (Vim 2-17) e Vim60-7 - foram analisados utilizando um sistema de microarray. Foram obtidos como resultado que a intensidade da fluorescência de anticorpos contra Fib36-52, Fib74, CEP-1, citC1III e filaggrin foi significativamente maior em pré-pacientes em comparação aos controles (P<0,001). Os níveis de anticorpos mais rapidamente detectáveis (Fiba591 e Vim60-75) oscilam ao longo do tempo, com apenas um ligeiro aumento após o início da doença. A frequência de anticorpos contra Fib36-52, CEP-1, e filaggrin aumentou gradualmente, atingindo os níveis mais altos antes do início dos sintomas. A frequência de um conjunto de anticorpos, citC1III, Fiba573 e FibB74, apenas aumentou ligeiramente antes do aparecimento dos sintomas, mas aumentou de forma proeminente após o início da doença. O adds ratio para o desenvolvimento de AR em indivíduos que expressam ambos CEO-1 e FibB36-52 (utilizam dados de amostras obtidas <3,35 anos anteriores ao início dos sintomas) foi de 40,4 (intervalos de confiança de 95% 19,8-82,3), em comparação com ter apenas um dos anticorpos presentes. Basenado-se em tais achados, os autores concluíram que a presença de níveis elevados de anticorpos contra vários peptídeos citrulinados nos indivíduos antes do início dos sintomas de AR apareceu em diferentes padrões durante o período de tempo antes dos primeiros sintomas. Um melhor entendimento desses padrões e seu componente individual é importante para a elucidação de seu envolvimento na patogênese da AR. Uma resposta imune para peptídeos citrulinados é inicialmente restrita, mas expande com o tempo para induzir uma resposta mais específica, particularmente em relação aos anticorpos contra CEP-1, FibB36-52 e filaggrin, aumentando durante o período de tempo que antecede o início dos sintomas. Tal conhecimento poderá proporcionar uma chave para a compreensão das reações imunitárias específicas, isoladamente ou em combinação, que levam ao desenvolvimento de artrite reumatóide nesses pacientes.
Ultrassom para sinovite: dados recentes sugerem que p ultrassom pode ser um método útil para determinar o grau de sinovite nas articulações de pacientes com artrite reumatóide. Além disso, o ultrassom pode ser mais sensível na identificação de sinovites ativas do que o exame clínico comum.No entanto, a comunidade reumatológica não chegou a um consenso sobre quando, no curso da artrite reumatóide o ultrassom é mais útil e quais articulações devem ser avaliadas. Para resolver estas questões, Le Boedec el al. realizam exame clínico comum e simultâneo de ultrassom para avaliar sinovite e analisaram os fatores associados à concordância entre os métodos.Resumo do estudo: setenta e seis pacientes com artrite reumatóide ativa (definida como maior ou igual a seis articulações endemaciadas no exame clínico) foram avaliados no início dos estudos, com exame clínico e ao ultrassom; 66 destes pacientes também foram avaliados quatro meses após o início da terapêutica com medicação anti-TNF. Sinovite, no exame clínico, foi identificado pela presença de inchaço (dolorimento não foi avaliado). A sinovite no ultrassom foi identificada por imagens padrão em escala de cinza (B-mode) e Power Doppler. Os investigadores avaliaram 38 articulações, que incluíram as articulações interfalangianas próximas (IFP), metacarpofalangianas (MCF), punhos, cotovelos, ombros, joelhos e articulações metatarsofalangianas (MTF). Na visita inicial, e antes da terapia anti-TNF, os autores verificaram que a concordância entre o exame clínico e ultrassonográfico conjuntos para avaliação da sinovite variou ao longo das articulações, com a menor concordância obtida nos ambos e articulações MTF, em que o ultrassom foi mais sensível para avaliar sinovite. Além disso, a baixa atividade da doença quando mensurada pelo Disease Activity Score - erythrocyte sedimentation rate (DAS28-ESR)-, foi associada a uma maior concordância entre sinovite por exame clínico e ultrassom articular pelo modo B. A menos duração total da artrite reumatóide foi associada a uma maior concordância entre sinovite por exame clínico concomitante ao exame de ultrassom Power Doppler. Após a terapia anti-TNF, houve concordância significativa somente com o sítio articular (maiores em articulações MCP e IFP) e a menor duração da doença. Conclusões: La Boedec et al. concluíram que a ultrassonografia pode fornecer informação mais útil, além do exame clínico, nos ombros e nas articulações MTF. Eles concluíram, ainda, que a utilidade do modo B do ultrassom foi deruzida com baixo DAS28, e para o ultrassom Power Doppler, quando a duração da doença foi curta.
Nefrite lúpica (NL) é uma comum e importante causa de insuficiência renal particularmente em alguns grupos étnicos incluindo os asiáticos. NL proliferativa grave, classes III e IV de acordo com Classificação da ISN/RPS de 2003, apresentam-se como síndrome nefrítica aguda grade e, se não tratada pronta e efetivamente, leva à falência renal aguda e/ou crônica. Combinação de terapia imunosupressora com corticosteroides (CEs) e ciclofosfamida (CF) tem sido a terapêutica padrão para NL proliferativa grave, mas dados de longo tempo de uso tem mostrado resposta insatisfatória renal e na sobrevida dos pacientes. Em recentes anos, o micofenolato de mofetila (MFM) tem gradualmente substituído a CF como indutor de imunosupressão, desde que a combinação de CEs e MFM tem provado eficácia e menor toxidade quando comparado com CEs e CF. Como terapia de manutenção dados do Estudo ALMS mostrou superioridade do MFM sobre a azatioprina, enquanto o MFN versus azatioprina para terapia de manutenção da NL (estudo Maintain) mostrou similar eficácia entre MFM e azatioprina na prevenção de flares. O objetivo desse estudo foi avaliar dados restrospectivos para investigar os resultados a longo prazo de pacientes com nefrite lúpica tratados com prednisolona e MFM. Sessenta e cinco pacientes foram incluídos e acompanhados por 91.9 (mais ou menos 47,7 meses) todos receberam prednisolona e MFM como indutores de imunosupressão. Em 31 pacientes, imunosupressão de manutenção compreendeu prednisolona e MFM somente (grupo MFM). MFM foi substituída por azatioprina em 23 pacientes (grupo Aza) e popr inibidores de calcineurina em 11 pacientes (grupo CNI). Em 10 anos a taza de sobrevda dos pacientes e renal foi de 91% e 86%, respectivamente, e foram similares nos três grupos. O grupo MFM mostrou menor recorrência que o grupo Aza o grupo CNI. Pacientes tratados com MFM por menos de 24 meses tiveram menor recorrência que aqueles tratados com mais curta duração. A função renal foi melhor no grupo MFM. A anemia doi associada ao tratamento com MFM. Outros efeitos adversos foram comparáveis aos três grupos. Os autores concluem que tratamento a longo prazo com CEs e MFM da indução à manutenção é associado com resultados favoráveis e pacientes chineses com NL. A descontinuação do MFM antes de 24 meses pode aumentar os riscos de flares.
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